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Título: Seguindo a experiência: uma etnografia diante da prática de selfie

 

Autor: Leonardo Pastor Bernardes Rodrigues

Ano: 2021

Resumo: Esta tese de doutorado coloca em questão os autorretratos digitais comumente nomeados enquanto “selfies” como práticas que revelam diferentes modos de experimentação cotidiana. O objetivo principal, portanto, é seguir a experiência relacionada à produção de fotografias digitais chamadas selfies. O direcionamento para a pesquisa não está na investigação do caráter imagético da selfie, ou na exploração de redes sociotécnicas associadas ao dispositivo fotográfico, mas em sua constituição enquanto prática – cotidiana, situada e em constante transformação através da experiência. A partir de um diálogo com o empirismo radical de William James, apresenta-se o problema em termos de suas consequências práticas: O que constitui, em termos práticos, fazer uma selfie? Quais as diferenças localizadas produzidas ao se pensar na selfie não como um tipo de imagem, mas como uma prática? Ou seja: através de quais processos a prática de selfie se constrói em um cotidiano fotográfico? São essas questões, conjuntamente com uma pr
oposta de seguir a experiência, que guiam a construção de uma investigação realizada enquanto uma etnografia diante da prática de selfie. Dessa forma, traçase um modo de seguir a experiência que se desenvolve no rastreamento das diferenças práticas, em um caráter processual de propagação e conexão a partir de novas experiências, e na constituição de um trajeto a ser seguido. O ponto de partida para a investigação localiza-se em uma praça, na qual começa-se a observar e interagir – considerando os espaços geográficos e digitais como um contínuo ambiente de observação – com diferentes práticas de selfie. A partir dessas primeiras observações, as possibilidades de novos caminhos passam a ser delineados, e começa-se a acompanhar o cotidiano fotográfico de diferentes pessoas que se tornam, aos poucos, personagens etnográficos. Essa trajetória, de seguir a experiência conjuntamente com os personagens, demonstra uma prática de selfie que se constrói nas diferenciações cotidianas e modos de experimentação que passam pelas maneiras através das quais se desenvolvem: negociações entre vergonha e visibilidade; co-construção de práticas através de performatividades algorítmicas; possibilidades conversacionais em práticas materialdiscursivas; e modulações da intimidade em experiências afetivas. Aponta-se, ainda, que esses modos são transpassados por um trajeto de aprendizagem de relatar a si mesmo, através do qual a selfie vai se constituindo enquanto prática. É nesse sentido, em conjunto com as particularidades da prática cotidiana de selfie apresentadas em cada capítulo, que se propõe (e experimenta-se) uma tomada de posição investigativa baseada na experiência – e, através dela, argumenta-se e chama-se atenção para a necessidade de aprender a articular modos possíveis para segui-la levando em consideração as produções de diferença práticas.

Palavras-chave: selfie; experiência; etnografia; prática

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