Congresso UFBA 2024 destaca os avanços no jornalismo digital com a mesa dedicada ao GJOL

Notícia

Congresso UFBA 2024 destaca os avanços no jornalismo digital com a mesa dedicada ao GJOL

A mesa “A pesquisa em Jornalismo Digital no GJOL” será realizada no dia 26 de novembro, às 13 horas e 30 minutos, na sala 04 da FACOM (Faculdade de Comunicação), no Campus Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os pesquisadores do GJOL (Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-Line) que compõem a mesa são os doutorandos Ana Virgínia Menezes Torga, Antônio Heleno Caldas Laranjeira, Moisés Costa Pinto, Vinícius Rodrigues de Brito e a mestre Victória Dailly Alves Mineiro. A participação dos membros do GJOL apresentará um conjunto de trabalhos científicos no Congresso UFBA 2024 que ilustram a diversidade e a profundidade das investigações realizadas pelo grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (PósCom) da UFBA e coordenado pelas professoras doutoras Suzana Barbosa e Lívia de Souza Vieira.

A pesquisa de mestrado de Ana Virgínia Menezes Torga referente aos desmatamentos e incêndios na Amazônia brasileira e à criação das agendas cívicas revela na polifonia midiática dos jornais digitais Folha de S.Paulo, The New York TimesThe Guardian o silenciamento das vozes dos povos e das comunidades tradicionais amazônicas como dos agricultores familiares, dos pescadores artesanais, dos mateiros, dos povos ribeirinhos, dos operários, dos trabalhadores em geral e das donas de casa. De acordo com a referida pesquisadora, “a crise climática já está presente em nosso dia a dia. No Brasil, este ano, presenciamos as enchentes no Rio Grande do Sul e as estiagens prolongadas no Centro-Oeste, Sudeste e no interior do Nordeste, consequências das mudanças climáticas e da falta de políticas públicas para prevenção a desastres. Neste contexto, a devastação da Amazônia brasileira ganha protagonismo na agenda pública”.

Já o trabalho científico do doutorando Moisés Costa Pinto visa encontrar processos inovadores no uso de IA – Inteligência Artificial – no jornalismo brasileiro. “Particularmente, faço uma pesquisa focada no aspecto histórico desses processos inovadores. Então, entre outras coisas, faço uma distinção entre inovações do uso de IA antes e depois do aparecimento das IA Generativas plataformizadas, como o ChatGPT e o Gemini”, relata Moisés Pinto. Na perspectiva do referido pesquisador, o jornalismo brasileiro tem escolhido, a partir de 2023, IA plataformizadas em detrimento do desenvolvimento de IA próprias ou compartilhadas por comunidades jornalísticas. “Como consequência, entre outras coisas, pode haver menos inovações jornalística provocadas pelas limitações e vieses dessas IA plataformizadas, construídas por empresas do norte global e que não têm padrões assertivos e contextuais da realidade brasileira”, afirma Moisés Pinto.

A pesquisa do doutorando Antônio Heleno Caldas Laranjeira é a respeito do uso de mapas no jornalismo de dados brasileiro, especificamente, o caso dos mapas de reportagens guiadas por dados do Brasil reconhecidas pela comunidade profissional por meio do Prêmio Abramo de Jornalismo de Dados nas categorias visualização, inovação, transparência e investigação entre 2019 e 2024. Segundo o mencionado pesquisador, a sua pesquisa atual reflete sobre as nuances entre os mapas “do jornalismo, no jornalismo e para o jornalismo”. A tripla dimensão do uso da cartografia para reportagens e coberturas no jornalismo digital é apresentada por Antônio Laranjeira com exemplos empíricos de mapas no jornalismo brasileiro.

Já o trabalho científico do doutorando Vinícius Rodrigues de Brito dedica-se ao gerenciamento de acervos digitais de jornais, particularmente, ao considerar as questões relativas à sustentabilidade financeira, implementação de recursos de Inteligência Artificial e aos impactos da plataformização para o jornalismo. O referido pesquisador destaca que a memória jornalística é também profundamente impactada pelas configurações do jornalismo na contemporaneidade, especialmente devido às transformações tecnológicas das últimas décadas, que alteraram o armazenamento, a recuperação e o uso de informações. “Por isso, um olhar para a organização e gerenciamento de acervos digitais de jornais se faz ainda mais importante, sobretudo diante das implicações de um cenário altamente plataformizado e marcado pela emergência de recursos de Inteligência Artificial”, destaca Vinícius de Brito.

Em sua pesquisa de mestrado, a pesquisadora Victória Dailly Alves Mineiro analisa o modo pelo qual os produtos regionais que estão inseridos no contexto do jornalismo nativo digital como Agência Tatu de Alagoas e O Povo+ do Ceará inovam por meio de conteúdos e narrativas modulares. Para tanto, foram avaliadas 10 reportagens e analisadas 195 peças do Instagram com a API Google Vision em seu trabalho científico. “A contribuição da pesquisa é o destaque dos nativos digitais, ou seja, o jornalismo mais jovem de todos, através de suas narrativas inovadoras no Nordeste”, ressalta Victória Mineiro.

A mesa “A pesquisa em Jornalismo Digital no GJOL” reflete o compromisso do grupo de pesquisa em compreender os desafios e as oportunidades apresentados pelas transformações digitais, colaborando com as discussões acadêmicas ao oferecer contribuições significativas para o campo. Fundado há mais de 25 anos, o GJOL se consolidou como uma referência acadêmica, desenvolvendo pesquisas inovadoras que abordam temas que vão desde o impacto das mídias sociais no jornalismo digital, a cobertura jornalística de questões ambientais, as inovações no jornalismo de dados até as mudanças nas práticas jornalísticas decorrentes do uso de ferramentas de inteligência artificial e automação de notícias. Ao longo dos anos, o GJOL tem sido responsável pela publicação de artigos científicos, livros e capítulos.

Serviço

Mesa: “A pesquisa em Jornalismo Digital no GJOL”
Dia: 26/11/2024
Horário: 13h30
Local: sala 04 da FACOM – Campus Ondina da UFBA

Temas e composição da mesa

– “A devastação da Amazônia brasileira e a criação das agendas cívicas: um comparativo das coberturas jornalísticas digitais na Folha de S.Paulo, no The New York Times e no The Guardian” (2022) da doutoranda Ana Virgínia Menezes Torga.

– “Algoritmos e jornalismo: inovações no jornalismo online a partir de mediações algorítmicas” do doutorando Moisés Costa Pinto;

– “Cartografia e Jornalismo de Dados: práticas brasileiras reconhecidas no contexto global” do doutorando Antônio Heleno Caldas Laranjeira;

– “Armazenamento e recuperabilidade digitais: um panorama da memória no Webjornalismo brasileiro a partir das plataformas Acervo Folha, Acervo Estadão e Acervo O Globo” do doutorando Vinícius Rodrigues de Brito;

– “Narrativas Modulares. A inovação à frente dos conteúdos jornalísticos da geração nativa digital: os casos Agência Tatu e O Povo+” da mestra Victória Dailly Alves Mineiro.

Referências

APABLAZA-CAMPOS, A.; WILCHES TINJACÁ, J. A. Inteligencia artificial para la generación de contenidos en Iberoamérica: Experiencias editoriales en medios de comunicación. Libros IC, 29 maio 2024. Disponível em: <https://iniciacioncientifica.com/editorial/index.php/libros/article/view/53>. Acesso em: 20 nov. 2024.

PINTO, M. C.; BARBOSA, S. O. Artificial Intelligence (AI) in Brazilian Digital Journalism: Historical Context and Innovative Processes. Journalism and Media, v. 5, n. 1, p. 325–341, 12 mar. 2024. Disponível em: <https://www.mdpi.com/2673-5172/5/1/22>. Acesso em: 20 nov. 2024.

TORGA, A. V. A devastação da Amazônia brasileira e a criação das agendas cívicas: um comparativo das coberturas jornalísticas digitais na Folha de S.Paulo, no The New York Times e no The Guardian. 2022. Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, 2022. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35497>.

Autoria matéria e arte: Ana Virgínia Torga

Fonte: Site GJOL